Trecho da obra "História de Malhador", escrita por seu filho ilustre Ariosvaldo Figueiredo. Nossa homenagem póstuma!

Um dos filhos mais ilustres de Malhador é o escritor e historiador Ariosvaldo Figueiredo. Vejam a seguir, alguns trechos do seu livro sobre a história de Malhador:

“Não havia luz, rodagem, cinema, som, banheiro, fossa, água encanada. A maioria da população vivia na pior, naquela pobreza. Principalmente as prostitutas. Pois é, existiam prostitutas em Malhador. Poucas, doentes, sofridas. Moravam em um pedaço de rua, o Lazareto, como se a peste ou a lepra vivessem por lá.
Chefes de família, maridos de Malhador, não freqüentavam o Lazareto. Preferiam casos discretos, aventuras mais gostosas. Uns tinham mais de uma casa e família, outros achavam melhor uma amigação sem compromisso...
À noite, tudo no escuro, nada de luz elétrica, candeeiros modestos, numerosos, pareciam vaga-lumes. O luar, em compensação, uma beleza, como se fosse dia, a lua derramando luz por todos os cantos. As distrações da terra, logicamente, poucas, rápidas, pequenas. Não existiam clubes. Não havia orquestra, muito menos, cinema. Uns se distraíam nadando, nus, na Lagoa, no caminho de Itabaiana...
Vez ou outra faziam ‘sala-de-dança’, um dos raros momentos em que moças e rapazes se encontravam... Reisados apareciam, de vez em quando. O povo gostava, noite de festa. O mais falado, o Reisado de Manoel Carreiro”.